terça-feira, 12 de fevereiro de 2013



RESENHA: ETIOLOGIA[1] DO SOBREPESO E DA OBESIDADE

Caderno de Estudos e Pesquisa. AVM Instituto. Brasília-DF, 2010

 Luiz Gonzaga Caetano Monezi[2]

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, só no Brasil morrem mais de 100 mil pessoas por ano, vítimas da obesidade. O ganho de peso ocorre quando se gasta menos energia do que se consome; daí, o desequilíbrio energético, o sobrepeso, a obesidade (CID 10 E66), uma doença complexa de etiologia multifacetada que vem se alastrando no mundo todo a nível de epidemia. 

Dado a facilidade da sociedade atual há uma redução progressiva do gasto calórico nos afazeres do dia a dia. Principalmente nos países desenvolvidos, marcado pelo sedentarismo, ante a oferta abundante de alimentos altamente palatáveis, grande parte da população acaba por consumir grandes porções além do suprimento necessário; as dietas, por vezes se tornam ricas em gorduras e estas pessoas acabam por fazer parte da preocupante estatística da população de obesos.

Alguns indivíduos, por outro lado, com preocupações estéticas e outras mais, submetem-se a dietas rigorosas que às vezes se seguem por períodos de ingestão voraz, resultando em grandes flutuações na ingestão calórica e de nutrientes, contribuindo com o desequilíbrio no metabolismo orgânico e ganho de peso em parte destas pessoas. Torna-se importante lembrar que o balanço energético não se traduz apenas na restrição da ingestão de alimentos gordurosos, mas que outros fatores como a composição em aminoácidos das proteinas  dos alimentos, o metabolismo das glândulas de secreção interna, bem como o funcionamento dos diversos sistemas orgânicos devem ser levados em consideração.

H-a que se lembrar que a obesidade infantil é um forte indicador para a obesidade do adulto, uma vez que a taxa de gordura aumenta nessa  faixa etária posterior; e que a superalimentação, dietas ricas em gorduras favorecem o ganho de peso. As condições socioeconômicas (alta nos países pobres, baixa nos países ricos), o sedentarismo também são fatores de risco para a obesidade.

Conforme o material disponível verificou-se que o quociente respiratório (mais alto nos obesos) e a atividade baixa do sistema nervoso simpático contribuem para o ganho de peso. Inclusive, faz-se necessário destacar que pessoas antes obesas continuam com o quociente respiratório alto.

Pelo visto conclui-se que a escalada assustadora da obesidade no mundo atual explica-se em primeira mão, em decorrência a fatores ambientais. Por outro lado deve-se considerar que a predisposição genética desempenha um papel expressivo no ganho de peso entre 24 % a 40% da variação do IMC (Índice de Massa Corporal).

Através do estudo do mapa genético, classificaram-se as alterações genéticas favoráveis ao ganho excessivo de peso em: obesidade monogênica e demais síndromes genéticas relacionadas à obesidade. Com características mendelianas, os distúrbios monogênicos são quase que exclusivos da idade infantil, estando associados à hiperfagia. Essas mutações genéticas ocorrem em relação à atividade hormonal da: Pró-Ópio-Melanocortina (POMC), Melanocortina e Leptina (controlador do apetite, termogênese e peso corporal), reguladores do peso corporal. Mudanças na função da POMC resulta na hiperfagia, obesidade grave. Em síntese, estes hormônios em sua função normal desempenham um papel conjunto importante no equilíbrio da massa corporal.

Por outro lado estudos realizados por pesquisadores do Medical Research Council`s Epidemiology Unit comprovaram  que o estilo de vida ativo, sem grandes sacrifícios, auxilia notoriamente no combate da herança genética, contribuindo em torno de 40 % com a queima calórica relacionada à mesma.

Entre as síndromes genéticas associadas à obesidade destaça-se a Síndrome de Prader–Willi caracterizada pela deleção da porção proximal do braço longo do cromossomo 15 paterno (ou a falta de 7 genes do mesmo), ou raramente, na dissomia (par de cromossomos homólogos) materna do cromossomo 15. Esta traz como quadro clínico: deficiência mental, hipotonia muscular, excesso de apetite, obesidade progressiva, baixa estatura, hipogonadismo, distúrbio de sono e comportamental. Em torno dos 4 anos inicia-se a hiperfagia, desencadeando a compulsão alimentar, obesidade e problemas de saúde, reduzindo a expectativa de vida dos sujeitos. Mas isso não significa que se haverá de cruzar os braços mediante tais prognósticos e sim, buscar soluções, mesmo que paliativas, ante tantas possibilidades que a vida na redoma de seus mistérios em sua plasticidade e que a ciência possam oferecer.

 A síndrome de Bardet-biedl (BBS), rara, multissistêmica, de tipo ciliopático, caracteriza-se  por manifestações da obesidade, distrofia retiniana, polidactilia (mais de 5 dedos nas mãos), atraso mental, hipogonadismo (diminuição da função das gônadas) e insuficiência renal. Infelizmente, as pessoas responsáveis por esses sujeitos portadores de tais síndromes, às vezes não são suficientemente orientadas para ajudar a minorar os efeitos dos mesmos, proporcionando a eles uma vida mais condizente de acordo com as possibilidades normativas dos mesmos.

A conclusão a que se chega envolve em primeira mão as causas ambientais como responsáveis pela preocupante epidemia de nossos dias, a obesidade. Cabe uma alerta ao poder público e à sociedade como um todo ante este quadro crítico. Pois pesquisa realizada pelo IBGE  em parceria com o Ministério da Saúde (2008 – 2009) revela que 49 % da população adulta  está acima do peso. Muito embora, para uma parcela da população, causas genéticas  tornam-se fatores determinantes para o ganho excessivo de peso, torna-se importante lembrar que cuidados preventivos, através de uma boa orientação podem contribuir para minorar os efeitos da falha genética nestes sujeitos.



[1] Estudo das causas
[2] Graduado  em Letras Anglo pela UEM, graduado em Musicoterapia pela FAP, pós-graduado em Ciências do meio ambiente pela UEM, pós-graduado em Plantas Medicinais pela UFLA, pós-graduando em Obesidade e Emagrecimento pela AVM Faculdade Integrada.