RESENHA: ETIOLOGIA[1]
DO SOBREPESO E DA OBESIDADE
Caderno de Estudos e Pesquisa. AVM Instituto. Brasília-DF,
2010
Luiz Gonzaga
Caetano Monezi[2]
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, só no Brasil morrem mais de 100 mil pessoas por ano, vítimas da
obesidade. O ganho de peso ocorre quando se gasta menos energia do que se
consome; daí, o desequilíbrio energético, o sobrepeso, a obesidade (CID
10 E66), uma doença complexa de etiologia multifacetada que vem se alastrando
no mundo todo a nível de epidemia.
Dado a facilidade da sociedade atual há uma redução progressiva do gasto
calórico nos afazeres do dia a dia. Principalmente nos países desenvolvidos,
marcado pelo sedentarismo, ante a oferta abundante de alimentos altamente
palatáveis, grande parte da população acaba por consumir grandes porções além
do suprimento necessário; as dietas, por vezes se tornam ricas em gorduras e
estas pessoas acabam por fazer parte da preocupante estatística da população de
obesos.
Alguns indivíduos, por outro lado, com preocupações estéticas e outras
mais, submetem-se a dietas rigorosas que às vezes se seguem por períodos de
ingestão voraz, resultando em grandes flutuações na ingestão calórica e de
nutrientes, contribuindo com o desequilíbrio no metabolismo orgânico e ganho de
peso em parte destas pessoas. Torna-se importante lembrar que o balanço
energético não se traduz apenas na restrição da ingestão de alimentos
gordurosos, mas que outros fatores como a composição em aminoácidos das
proteinas dos alimentos, o metabolismo das glândulas de secreção
interna, bem como o funcionamento dos diversos sistemas orgânicos devem ser
levados em consideração.
H-a que se lembrar que a obesidade infantil é um forte indicador para a
obesidade do adulto, uma vez que a taxa de gordura aumenta nessa faixa
etária posterior; e que a superalimentação, dietas ricas em gorduras favorecem
o ganho de peso. As condições socioeconômicas (alta nos países pobres, baixa
nos países ricos), o sedentarismo também são fatores de risco para a obesidade.
Conforme o material disponível verificou-se que o quociente respiratório
(mais alto nos obesos) e a atividade baixa do sistema nervoso simpático
contribuem para o ganho de peso. Inclusive, faz-se necessário destacar que pessoas
antes obesas continuam com o quociente respiratório alto.
Pelo visto conclui-se que a escalada assustadora da obesidade no mundo
atual explica-se em primeira mão, em decorrência a fatores ambientais. Por
outro lado deve-se considerar que a predisposição genética desempenha um papel
expressivo no ganho de peso entre 24 % a 40% da variação do IMC (Índice de
Massa Corporal).
Através do estudo do mapa genético, classificaram-se as alterações
genéticas favoráveis ao ganho excessivo de peso em: obesidade monogênica e
demais síndromes genéticas relacionadas à obesidade. Com características
mendelianas, os distúrbios monogênicos são quase que exclusivos da idade
infantil, estando associados à hiperfagia. Essas mutações genéticas ocorrem em relação
à atividade hormonal da: Pró-Ópio-Melanocortina (POMC), Melanocortina e Leptina
(controlador do apetite, termogênese e peso corporal), reguladores do peso
corporal. Mudanças na função da POMC resulta na hiperfagia, obesidade grave. Em
síntese, estes hormônios em sua função normal desempenham um papel conjunto
importante no equilíbrio da massa corporal.
Por outro lado estudos realizados por pesquisadores do Medical Research
Council`s Epidemiology Unit comprovaram que o estilo de vida ativo,
sem grandes sacrifícios, auxilia notoriamente no combate da herança genética,
contribuindo em torno de 40 % com a queima calórica relacionada à mesma.
Entre as síndromes genéticas associadas à obesidade destaça-se a
Síndrome de Prader–Willi caracterizada pela deleção da porção proximal do braço
longo do cromossomo 15 paterno (ou a falta de 7 genes do mesmo), ou raramente,
na dissomia (par de cromossomos homólogos) materna do cromossomo 15. Esta traz
como quadro clínico: deficiência mental, hipotonia muscular, excesso de
apetite, obesidade progressiva, baixa estatura, hipogonadismo, distúrbio de
sono e comportamental. Em torno dos 4 anos inicia-se a hiperfagia,
desencadeando a compulsão alimentar, obesidade e problemas de saúde, reduzindo
a expectativa de vida dos sujeitos. Mas isso não significa que se haverá de
cruzar os braços mediante tais prognósticos e sim, buscar soluções, mesmo que
paliativas, ante tantas possibilidades que a vida na redoma de seus mistérios
em sua plasticidade e que a ciência possam oferecer.
A síndrome de Bardet-biedl (BBS), rara, multissistêmica, de tipo
ciliopático, caracteriza-se por manifestações da obesidade,
distrofia retiniana, polidactilia (mais de 5 dedos nas mãos), atraso mental,
hipogonadismo (diminuição da função das gônadas) e insuficiência renal.
Infelizmente, as pessoas responsáveis por esses sujeitos portadores de tais
síndromes, às vezes não são suficientemente orientadas para ajudar a minorar os
efeitos dos mesmos, proporcionando a eles uma vida mais condizente de acordo
com as possibilidades normativas dos mesmos.
A conclusão a que se chega envolve em primeira mão as causas ambientais
como responsáveis pela preocupante epidemia de nossos dias, a obesidade. Cabe
uma alerta ao poder público e à sociedade como um todo ante este quadro
crítico. Pois pesquisa realizada pelo IBGE em parceria com o
Ministério da Saúde (2008 – 2009) revela que 49 % da população adulta está
acima do peso. Muito embora, para uma parcela da população, causas
genéticas tornam-se fatores determinantes para o ganho excessivo de
peso, torna-se importante lembrar que cuidados preventivos, através de uma boa
orientação podem contribuir para minorar os efeitos da falha genética nestes
sujeitos.
[1]
Estudo das causas
[2]
Graduado em Letras Anglo pela UEM,
graduado em Musicoterapia pela FAP, pós-graduado em Ciências do meio ambiente
pela UEM, pós-graduado em Plantas Medicinais pela UFLA, pós-graduando em
Obesidade e Emagrecimento pela AVM Faculdade Integrada.